a ninja da ilha de Texel

27 June 2009





Era uma vez uma ilha chamada Texel



Nesta ilha vivia uma ninja



que vivia num farol branco e vermelho no cimo das dunas.



Gostava de passear nas praias brancas da ilha




e pelos muitos caminhos da ilha.




Gostava de conjurar nuvens





e invocar tempestades.




ah e ocasionalmente gostava de comprar morangos.

Grails - Silk Rd

o meu primeiro poema de amor : )

as paredes deste quarto branco avancam sobre mim
e eu perco a minha unica lingua.
o verde desta terra cansa os meus olhos
e eu perco a minha unica lingua.
o cinzento desta cidade envelhece o meu corpo
e eu perco a minha unica lingua.
nao faz sentido a traducao nem a integracao.
but you make sense.

elogio da solidão



Uma casa para estrear e descobrir
em quantas salas se acomoda a solidão.
Cozinhou o jantar e come atentamente
como todos quantos dividem a comida em silêncio:
o náufrago, o mendigo, o oleiro na lancheira.

Coze o seu barro, um jeito de partir o pão
que deve ao tempo uma lentidão coalhada.
O ruído do vizinho não o incomoda.
Nenhuma fala ou resíduo humano leveda
uma página ao acaso. Pode decidir beber mais vinho
ou inaugurar a leitura de outro livro.
Mesmo sair para beber café e mastigar o frio.

No pasto, a chuva rega a placidez do boi;
abana a cabeça, fumegam as narinas,
desenha-se num fundo de pinhal que o vento
castiga; na caruma molhada pressente-se
o rumor de um cão absorto na ilusão
do que procura. Coisas mínimas, irrisórias,
vão salvar o resto da noite de presumir felicidade.

Lá fora a cidade está cercada na convicção
das suas vidas perdoáveis, mercando
um alimento longamente dispensável
- a respiração em vitualhas e sarcasmos,
a pobreza irresignável e irresolúvel,
o cansaço de não estar só e não querer estar.









josé alberto de oliveira
por alguns dias

Final

As palavras despedem-se dos dias
em que falar é o melhor serviço
Caem mortas e vivas da linguagem
vitimada

Mas quando regressarem
a sua fúria grande prenderá
nos humanos céus húmidos a arte
esquecida e excessiva da poesia.






gastão cruz
poemas reunidos

o blog tem estado tao abandonado..