27 September 2007

maravilhar-te as insónias
com o paciente crepúsculo da idade
acordar fora do corpo esquecer o olhar
sobre o pêlo ruivo dos animais beber
o fulgor das estrelas no esplendor da alba
nomear-te
para recomeçarmos juntos a vida toda

ensinar-te o segredo dos alquímicos minerais
acender-te um pouco a culpa
na imatura paisagem do coração

eis a travessia que te proponho
amanhecer sem quereremos possuir o mundo
e no orvalho da noite saciar o desejo adiado
respirar a música inaudível das galáxias
sentir o tremeluzir da água no medo da boca

o amor
deve ser esta perseguição de sombras
esta cabeça de mármore decepada
ou este deserto
onde o receio de te perder permanece oculto
na sujidade antiga dos dias


Al Berto
Uma Existência de Papel - meu único amigo/2

1 comment:

Anonymous said...

A simplicidade no complexo mundo dos sentimentos, onde tu Al Berto dás significado aos sentimentos interiores do nosso ser, inexplicáveis. E levas-nos a acreditar que essa simplicidade é possivél e atingivél perante as adversidades dos sentimentos, opostos. 13u