não sei de quem é...
Coração Mecânico
12 November 2008
estava eu a pensar: ainda não postei nenhum video de Björk. e ela é, sem dúvida, uma das minhas artistas favoritas. mas já percebi porque é tão difícil escolher a música que quero postar primeiro. porque gosto de todas parecia-me injusto postar uma primeiro que outras e queria que a primeira fizesse juz à artista. apenas com uma música é impossível porque uma das características que admiro em Björk é a multiplicidade de sons.
mas tenho que começar por algum lado.
o vídeo não é o meu favorito. mas a música, a música é linda.
do outono II
Sem vento, a minha voz secou
aqui, neste parque de cedros quietos.
Tudo é como ontem era, mas a minha
voz, na minha face, calou-se,
porque só o vento me trazia a fala,
vinda de algures, com notícias de alguém,
indo para além, para outros ouvidos, num país.
fiama hasse pais brandão
as fábulas
The Good Night
28 October 2008
o engraçado é que quando cheguei a casa, durante uma arrumação (muito necessitada) do meu quarto, encontrei este texto que escrevi à uns meses quando estava de férias em Portugal. estava sentada sozinha debaixo de uma sombra na esplanada do Noobai em Lisboa.
"vou começar a escrever aqui no bloco como se fosse um caderno.
o meu país.
se eu fosse poeta escrevia muitas coisas sobre este sentimento estranho de pertença profunda e distância tamanha. deste súbito perceber a essência das cidades e dos países e ver a alma das pedras e sentir as árvores, o oceano e os rios. subitamente entender tudo isto, realizar tudo isto e mesmo assim não querer ficar.
porque me sinto melhor não reconhecendo a minha identidade no que me rodeia? porque me sinto melhor afastada de Portugal? porque em Portugal tudo é triste. tudo tem alma. tudo tem vida. tudo chora e de todas as coisas se desprende o que me parece um líquido viscoso chamado melancolia. porque em Portugal a portuguesa que sou vem ao de cima e transborda uma certa languidão, preguiçosa tristeza, sei lá..
enfim."
1 de Agosto de 2008
tem piada.
11 October 2008
uma shopska salata búlgara apimentou o meu almoço e saí para a rua.
haarlem estava tão simpático e acolhedor, muita gente na rua mas todos com uma boa onda incrível. fui ver a última exposição no Teylers, muito boa sobre viagens e fotografia. aquele museu é uma pérola, mesmo. o sol a bater nas vitrines de madeira, a iluminar o pó que se vai depositando ao longo da tarde. a quantidade de pedras, fósseis e coisinhas e coisecas que me fazem lembrar de outras eras. gosto mesmo muito.
saí de novo para as ruas de Haarlem e fui deliciar-me com duas bolas de gelado encostada à catedral. tão barato e tão delicioso. ver a vida a passar enquanto comia um gelado, doce e ácido como gosto.
depois do gelado segui para o mercado, o cheiro de uns tomates toldou-me momentaneamente o juízo e lá os comprei apesar de ainda ter bastantes no frigorífico. mas ao que parece adoro tomates bem cheirosos. passei pela padaria turca e lá foi um pãozeco que vai fazer maravilhas com a manteiga mimosa que o meu pai trouxe à duas semanas.
de volta ao spaarne, sentei-me na beirinha e aproveitei o calor do sol enquanto programava qualquer coisa no telémovel.
segui para sul, para casa. depois pensei que queria fazer uns desvios. segui um pouco mais para sul, para o Hout. andei aos ziguezagues pelo parque a apreciar a relva verde, os troncos das arvores tão escuros e as manchas de luz que são como um pequeno milagre.
sempre a pedalar segui para casa, mas à direita a promessa de mais um desvio interessante e lá fui eu. segui para sul acompanhando o rio e os campos de vacas.
no fim da tarde, enquanto punha a chave na porta, pensei: "que tarde porreira".
1 October 2008
...
Hush now, don't explain
There aint nothin' to gain
Im glad that your back
Dont' explain
Quiet baby, dont explain
There is nothing to gain.
Skip back the lipstick
Don't explain.
You know that i love you
And what love endures
All my thoughts are of you
For i'm so completely yours
Don't want to hear folks chatter
Cause i know you cheat
Right n' wrong don't matter
When your with me my sweet..
Hush now don't explain
Don't you know your my joy and your my pain.
My life is yours love
Don't explain
All my thoughts of you, for i'm so completely yours.
I don't want to hear nobody chatter
Cause i know you cheat,
Right n' wrong don't matter
When your with me my sweet.
Hush now, don't explain
Your my joy, your my pain
My life is yours love
Don't explain.
13 September 2008
5 September 2008
mas dias não são dias.
3 September 2008
5
Escrevo-lhe do fim do mundo. É preciso que o saiba. Amiúde as árvores tremem. Apanham-se as folhas. Têm uma imensa quantidade de nervuras. Mas de que servem? Não há mais nada entre elas e a árvore, e dispersamo-nos, incomodados.
Será que a vida na terra não poderia prosseguir sem vento? Ou será preciso que tudo trema sempre, sempre?
Há também tumultos subterrâneos, e dentro de casa, como raivas que surgissem à nossa frente, como seres severos que quisessem arrancar confissões.
Não se vê nada, como se importasse muito pouco ver. Nada, e todavia treme-se. Porquê?
henri michaux
(escrevo-lhe de um país distante, 1942)
trad. margarida vale de gato
31 August 2008
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.
Todavia, seria delicioso
assustar um notário com um lírio cortado
ou matar uma freira com um soco na orelha.
Seria belo
ir pelas ruas com uma faca verde
e aos gritos até morrer de frio.
Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas.
Pablo Neruda
as minhas férias
banhado por um pôr do sol na praia das maças
do que eu gosto mesmo é de coisas em ruínas...
estava a ser restaurada, subi até lá acima e tive direito a visita guiada.
27 August 2008
queria ir rever a última exposição que vos falei e ser surpreendida pelo resto. a máquina fotográfica foi esquecida em casa e ficaram as fotos rascosas do telémovel.
vi a que queria e mais duas, uma sobre fotografia africana contemporânea (espectacular!) e outra sobre três artistas nomeados para um prémio muito importante aqui na holanda.
preta mas toda cheia de mensagens coloridas dos visitantes.
acho muito nom que a arte seja subsidiada e premiada etc e tal.
mas não consegui votar. eleger arte como melhor que outra é um pouco estranho para mim, deixei a votação para quem quiser...
leituras IV
Kafka à beira-mar de Haruki Murakami
10 July 2008
No domingo passado fui a Muiden visitar o Muiderslot. Foi construído no século XIII mas como qualquer castelo foi tendo as suas renovações. Gostei muito. Além de me afastar da rotina de dormir até tarde no domingo e não fazer nada o dia todo, fez-me lembrar os domingos de manhã que ia visitar o Castelo dos Templários em Tomar. Andar pelas ameias, subir e descer escadas, entrar em quartos e quartinhos e até em masmorras...
E agora que falei do Castelo em Tomar fiquei cheia de saudades... bah! :) uma ou duas vezes infiltrámo-nos em sítios proibidos, portas deixadas abertas por engano.. Mas sempre, mesmo repetindo inúmeras vezes o mesmo percurso, descobria novos recantos e me surpreeendiam novos detalhes..
Ficam aqui umas fotografias de Muiderslot que roubei ao casal Cleto. E já agora, ao casal Cleto: obrigada pelo convite, pela companhia e pelas fotografias :)
1 July 2008
mesmo assim, hoje folheava outro caderno (tenho muitos) e encontrei isto na mesma folha..
.
não sei o que aconteceu à minha escrita. à minha expressão
está escondida? está morta? é sazonal? foi da idade?
queria escrever. queria escrever poesia de novo. encontrar dentro de mim frases belas e não conseguir viver sem as repetir sem as ter comigo
.
as coisas que fazes
as coisas que me dizes
magoam-me
.
há dias em que os meus
dedos não param de
crescer
nunca percebi porquê
.
sinto as coisas nas costas
por detrás do coração
ou perto sei lá
.
humm acho que escrevi isto à um ano ou qualquer coisa assim.. não sei quem esta pessoa cujas coisas que me disse e fez magoaram-me, lembro-me desta sensação dos dedos crescer mas já não sinto à muito tempo, e que cena é esta de sentir as coisas atrás do coração?
eu gosto de reler as coisas que escrevi.. e algumas acho bonitas e engraçadas.
continuo a sentir falta do ofício da escrita mas simplesmente não vem.. ou quando vem, vem apenas numa ou duas frases...
: ) enfim
28 June 2008
não é nenhum poema
o que vos vou dzer
nem sei se vale a pena
tentar vos descrever
o mar o mar
o mar o mar
o mar o mar o mar
o mar o mar o mar
o mar
e aqui fui ficando
só para o poder ver
e fui envelhecendo
sem nunca o perceber
o mar o mar o mar
o mar o mar
o mar o mar o mar
o mar
o mar
21 June 2008
The Sheltering Sky, Paul Bowles